A COR DA ROMÃ

Joga no abismo aquilo que tens mais pesado!

Homem, esquece! Homem, esquece!
Divina é a arte de esquecer!
Se sabes elevar-te,
Se queres estar em casa nas alturas,
Joga no mar aquilo que tens de mais pesado!
eis o mar, joga-te no mar
Divina é a arte de esquecer

Nietzsche

sábado, 20 de março de 2010

a viagem



talho o passo a medida de minhas medalhas

o meu artifício de viver cabe em outro que não sou eu

e eu assim

ensimesmado

e contrário de mim mesmo

avesso de meus presságios

Ouveras eu ter morrido e agora assombrado a mim mesma?



- como pudera meu caro...

faço tuas as minhas palavras

e salto-lhe a língua

com minhas lembranças..

eu sou o cavalo

OS DESLIMITES DA PALAVRA

foto de cris alves
Manoel de Barros - O LIVRO DAS IGNORÂNÇAS

2.5


Ando muito completo de vazios.

Meu órgão de morrer me predomina.

Estou sem eternidades.

Não posso mais saber quando amanheço ontem.

Está rengo de mim o amanhecer.

Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.

Atrás do ocaso fervem os insetos.

Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu

destino.

Essas coisas me mudam para cisco.

A minha independência tem algemas.

a vida é uma dança!!!

Composição: Edu Lobo / Chico Buarque


Não

Não sei se é um truque banal

Se um invisível cordão

Sustenta a vida real



Cordas de uma orquestra

Sombras de um artista

Palcos de um planeta

E as dançarinas no grande final



Chove tanta flor

Que, sem refletir

Um ardoroso expectador

Vira colibri



Qual

Não sei se é nova ilusão

Se após o salto mortal

Existe outra encarnação



Membro de um elenco

Malas de um destino

Partes de uma orquestra

Duas meninas no imenso vagão



Negro refletor

Flores de organdi

E o grito do homem voador

Ao cair em si



Não sei se é vida real

Um invisível cordão

Após o salto mortal