A COR DA ROMÃ

Joga no abismo aquilo que tens mais pesado!

Homem, esquece! Homem, esquece!
Divina é a arte de esquecer!
Se sabes elevar-te,
Se queres estar em casa nas alturas,
Joga no mar aquilo que tens de mais pesado!
eis o mar, joga-te no mar
Divina é a arte de esquecer

Nietzsche

sábado, 3 de dezembro de 2011


Manoel de Barros - O LIVRO DAS IGNORÂNÇAS

2.5


Mas, para um sonhador de coisas, haverá “naturezas mortas”? As coisas que foram humanas podem ser indiferentes? As coisas que foram nomeadas não revivem no devaneio do seu nome? Tudo depende da sensibilidade sonhadora do sonhador. Chesterton escreve: “As coisas mortas têm tal poder de apoderar-se do espírito vivo que eu me pergunto se é possível a alguém ler o catálogo de um leilão sem cair sobre coisas que, bruscamente apreendidas, fariam correr lágrimas elementares.”
Só o devaneio pode despertar essa sensibilidade. Dispersas nos leilões, oferecidas a qualquer comprador, as coisas, as doces coisas, reencontrarão cada qual o seu sonhador? Um bom escritor da Champagne, Grosley, diz que sua avó, quando não sabia responder às suas perguntas de criança, dizia:
Deixe estar, quando você crescer, verá que existem muitas coisas num coisário.
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p.159-160.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

RIO ABERTO


 
RETIREI DO RIO MINHA CABELEIRA
PRESA ESTAVA NUMA PEDRA SOLTA
LEVANTEI-ME COM ELA PRESA A MEU CORPO
MINHA PELE
RAIZ PEDRA

SOU DO UNIVERSO
PARTE, PARTÍCULA
E O TODO

NO RIO DEIXEI MEUS CABELOS
MINHA APARÊNCIA ESTRANHA
MEUS MEDOS

DEITO-ME AGORA
PRESA AO RIO
QUE SOLTA-ME QUE SOLTA-ME
AOS POUCOS

NÓS A NÓS OS CACHOS




DEVANEIO DE GREDA
experimentação visual 
Thais Ferraz e Cris Alves
imagens Giovanni Lorenzetti
edição Cris Alves
direção de arte Cris Alves

suaves improvisos da terra
surgem barro outras matérias e outros vestígios
concluindo dois corpos
repousados sobre a pedra

dançando com as algas dentro de um rio
sede de vento
de movimento
fazem surgir de greda 
a leveza de ser duo
terra e água
ar e movimento
o tempo e o vento



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

quarta-feira, 14 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010





sei dos vasos correntes 
fios 
que espera a pressão do gole
que cava a lama no fundo
que leva folhas secas
caído os galhos ...
boiam.

(todos são  levados)

 


quero doce a moeda de prata
que demasiado gole espero
quero do vazio o silêncio farto
de demasiado eu profundo
que das essências semeiam outros
de mim e de tudo que há 
neste e em outros mundos
quero o mar imenso e azul
verde, vermelho e negro
quero os rios e as pedras de todos s tamanhos
ser de tudo
o tempo todo
e todo tempo
vibração harmônica e precisa

cheiro de madeira, terra e clorofila








domingo, 4 de abril de 2010

experimente a ção

Pinto e canto minhas palavras
já não amanheço sozinho
acordo com milhares dessas vozinhas a me sussurrar quando murmuro
enfio - me em gavetas essas emoções
e doou com gratidão meu rizo

falar das cores com meu risco
dádivas que me invadem a alma,
dessas pequeninas mémórias longínquas
que vem e saem num repente

Cenografia Caminhos de Pedra - Cris Alves e Giovani Lorenzentti


Lançamento da Rádio Novela
CAMINHOS DE PEDRA
Cidade de Goiás - 2010





Espaço cênico - experimentações cenográficas

Komosode
Texto de Hugo Zorzetti

Cenografia e figurino
Cris Alves

A experinência entre o espectador e o espaço, a atmosfera que invade os sentidos




sábado, 20 de março de 2010

a viagem



talho o passo a medida de minhas medalhas

o meu artifício de viver cabe em outro que não sou eu

e eu assim

ensimesmado

e contrário de mim mesmo

avesso de meus presságios

Ouveras eu ter morrido e agora assombrado a mim mesma?



- como pudera meu caro...

faço tuas as minhas palavras

e salto-lhe a língua

com minhas lembranças..

eu sou o cavalo

OS DESLIMITES DA PALAVRA

foto de cris alves
Manoel de Barros - O LIVRO DAS IGNORÂNÇAS

2.5


Ando muito completo de vazios.

Meu órgão de morrer me predomina.

Estou sem eternidades.

Não posso mais saber quando amanheço ontem.

Está rengo de mim o amanhecer.

Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.

Atrás do ocaso fervem os insetos.

Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu

destino.

Essas coisas me mudam para cisco.

A minha independência tem algemas.

a vida é uma dança!!!

Composição: Edu Lobo / Chico Buarque


Não

Não sei se é um truque banal

Se um invisível cordão

Sustenta a vida real



Cordas de uma orquestra

Sombras de um artista

Palcos de um planeta

E as dançarinas no grande final



Chove tanta flor

Que, sem refletir

Um ardoroso expectador

Vira colibri



Qual

Não sei se é nova ilusão

Se após o salto mortal

Existe outra encarnação



Membro de um elenco

Malas de um destino

Partes de uma orquestra

Duas meninas no imenso vagão



Negro refletor

Flores de organdi

E o grito do homem voador

Ao cair em si



Não sei se é vida real

Um invisível cordão

Após o salto mortal